O dia amanheceu mais claro, mais limpo, exato,
mais revelador.
Libertar-se dói, expandir-se dói, o processo
de mudança em si é doloroso, as vezes faz-se necessário livrar-se de partes de
gente para darmos espaços para novas coisas, novas pessoas, novos ares. Despedir-se
das pessoas é também se despedir da gente, é acordar e ver que falta uma peça
que antes estava lá e agora não está mais, é lidar com a ausência da pessoa e
com a ausência do que a gente era quando estava com a pessoa, é uma saudade
dupla, um doer lento, um descamar que vem de dentro e explode por fora, levando
embora os sorrisos que antes eram fáceis e agora passam a ser doídos.
Libertar-se é lavar a alma, com lágrimas, para somente depois florescer, ressurgir
e se preparar de novo, para cair. Ciclo interminável, da vida, libertar-se é assim.
Júlia Carvalho